domingo, 16 de maio de 2010

FHC x LULA: POLÍTICAS SOCIAIS

Um breve resgate da contextualização das políticas sociais nos governos FHC e Lula

Elizete Feliponi

O dia 1º de janeiro de 2003 não foi um dia comum para o cenário político brasileiro. Não nos intimidamos em afirmar que o país parou para acompanhar, em Brasília ou através dos meios de comunicação, a posse do então eleito presidente Luís Inácio Lula da Silva. Cada gesto ou palavra proferida por ele eram portadores da esperança de um povo que clama por mudanças desde a época em que o país começou a ser colonizado. No entanto, sabemos que as mudanças sociais não dependem só de um presidente, mas de todo o povo. Cada um é responsável, sim, pelas mudanças, porém, é necessário um olhar mais crítico para acompanhar de perto e entender o que acontece nos bastidores desta República chamada Brasil. Para isso, podemos fazer uma observação mais sistematizada entre o mandato de Fernando Henrique Cardoso e o atual presidente Lula.

Fernando Henrique, sociólogo renomado, herdou um país com dívidas, as quais aumentaram e muito nos antigos mandatos de Sarney e Collor. Começou a governar com o objetivo de fazer o ajuste das contas públicas. Uma das formas foi com o plano de estabilização. Nos anos 90 falou–se em privatizar, sendo que FHC fez muitos investimentos nesta área, apostou-se no livre jogo de mercado e também houve a retirada do Estado como agente econômico e produtivo.

Acompanhamos, nestes oito anos de governo, uma política social subordinada, sendo que não é novidade para o país. Delfin Neto dizia: “Esperar o bolo crescer para repartir”. Foi isso que FHC fez, não vimos avanços, pois o social estava subordinado à economia, mostrando uma atmosfera na qual o neoliberalismo tem forte presença.

Claro que o Banco Mundial tem sua parcela de participação muito nítida em todas estas discussões e sua principal orientação é a redução de gastos. Uma situação na qual podemos ver claramente a contenção de gastos é na saúde. Com o ministro José Serra instituiu–se o Plano Saúde da Família, que incentiva o atendimento do doente no lar e com o acompanhamento da família sem a participação do SUS. Ou seja, é redução de investimentos. A família está envolvida e o Banco Mundial considera a família.

A nossa história tem relatos importantes nos quais o povo pede participação ativa nas decisões do Estado e é com FHC que a sociedade civil é chamada a participar das transformações sociais tão almejadas. São criadas, então, as organizações não governamentais.

Podemos observar, com este breve panorama de como foi o mandato de FHC, que as mudanças acontecem, mas a longo prazo e o povo espera que o que não foi solucionado com um, o seja feito com o próximo presidente. Assim, sai FHC, entra Lula.

No seu discurso de posse, ele faz o lançamento oficial da campanha Fome Zero. Com certeza, estas palavras emocionaram e encheram de esperança muitas pessoas.

Lula tem como um dos instrumentos de trabalho no seu governo o PPA (Plano Plurianual), que já existia com FHC. Este plano começou a ser discutido no final de 2002 junto com os ministros, como também com organizações não governamentais como ABONG, INTEREDES e POLIS, que buscam organizar a sociedade civil para participar. Para isso, são realizadas 27 oficinas nos diversos estados com o objetivo de elaborar propostas.

Uma das propostas do PPA é que se retome a reforma do estado pensada por Bresser Pereira no Governo FHC, mas que foi abandonada. A primeira Reforma proposta pelo PT é a da previdência e a segunda é a Reforma trabalhista, com o objetivo de flexibilizar as contratações. Na área social, o PPA busca programas articulados dentro da bolsa família.

Busca–se, também, manter as diretrizes da política macroeconômica.

Inseridos neste contexto de relações por quais tramitam as políticas sociais, Estado e Sociedade Civil ocupam um espaço que serve como ponte para as intervenções e consentimentos que ocorrem e que, de uma forma ou de outra, definem os rumos da vida civil.

Como já vimos, a sociedade civil dos anos 80 pedia muitas coisas, entre elas o poder de participar das decisões a serem tomadas para governar o país. Assim, o Governo FHC cria as Organizações Sociais e chama a sociedade civil para participar. Esta demonstra- se mais ativa, com caráter diferenciado, o qual traz uma forte consciência de cidadania. Ou seja, é uma sociedade que assume novos cargos. Com isso, o Estado diminui o seu papel e transfere mais trabalho para a sociedade, levando o governo a se envolver com a sociedade e a sociedade também se envolve mais com o governo.

No entanto, a sociedade civil do mundo globalizado é fragmentada. Isto acontece no momento que os objetivos e vontades mais particulares, de uma minoria, prevalecem. Podemos dizer que, neste momento, acontece entre os diversos segmentos da sociedade um jogo como o cabo de guerra, onde cada um puxa para um lado e arrebenta no lado mais fraco. No caso dos interesses sociais, quem perde força é a camada mais pobre e menos informada. Claro que este movimento contrário é impotente perante o Estado. Gramsci já dizia que interesses particulares fragilizam o governo, pois são muitos objetivos diferenciados. Acreditamos que, em se tratando de uma construção para a democracia e para a formação de um povo politicamente esclarecido, a máxima “a união faz a força” tem sentido. Porém, neste mundo onde o neoliberalismo tem voz, muitos são os fatores que levam a sociedade civil a ser fragmentada perante o Estado: a acumulação de riquezas; o mercado da concorrência e da competição; as diferenças sociais; a individualização;

a cultura consumista na qual fomos educados e vivemos segundo ela; uma despolitização preocupante, além de projetos e ações divisionistas. Neste panorama de relações nem sempre bem definidas, Estado e Sociedade Civil caminham paralelamente junto com o governo. Neste momento, é interessante pensarmos que tipo de Sociedade Civil está relacionada com o Estado que, de uma forma ou de outra, conduz as políticas sociais.

A Sociedade Civil Democrática é aquela que traz a fórmula Gramsciana de Estado: SOCIEDADE CIVIL + SOCIEDADE POLÍTICA = ESTADO. Para Gramsci, quanto mais a Sociedade Política absorve a Sociedade Civil, mais democrática seria a sociedade e diminuiria o poder de coerção.

A Sociedade Neoliberal é a que mais aparece no momento atual, na qual há a fragmentação do indivíduo. Nela, a Sociedade Civil apresenta–se além do Estado e do mercado. Há muitas organizações sem unificação e cada uma luta por diferentes projetos, como se o Estado não existisse. È o Estado mínimo: liberal e representativo. Sua fórmula é contrária à de Gramsci: SOCIEDADE CIVIL = MERCADO, que é diferente de ESTADO.

Vemos, portanto, uma relação fragmentada entre o Estado e a Sociedade Civil. Acreditamos que a política seja um fator de agregação dos interesses sociais. No entanto, esta deve ser conduzida para a unificação dos mesmos e isto torna-se mais difícil quando a lei do mercado capitalista é a mais forte

SUPERAÇÃO DA CRISE ECONÔMICA NO GOVERNO LULA



O governo Lula continuou e aprofundou a política de geração de superávits primários. Primeiro, aumento a meta de 3,75%, segundo o acordo com o FMI, para 4,25% do PIB. Enquanto o governo FHC atingiu 3,89%, em 2002, Lula conseguiu superar a própria meta, realizando 4,59% e 4,85%, em 2004 e 2005. Entretanto, a conta de juros foi de 7,26% e 8,13% do PIB, nos mesmos anos. Economia

COMPARAÇÃO LULA X FHC - DÍVIDA PÚBLICA E PIB



A comparação dos governos Lula e FHC, o assunto de mais um post dessa série é a verificação da variação anual do Produto Interno Bruto e a evolução da relação dívida/PIB desde 1995. Para não ser acusado de inchar o resultado do presidente Lula, estou acrecentando a estimativa de variação do PIB no ano de 2009, com a perspectiva mais pessimista que é a do mercado, com contração de 0,23% em relação ao ano anterior. Podería também usar as perspectivas de variação do PIB para 2010, que tanto o Banco Central quanto o mercado financeiro projetaram para 5%, mas novamente para evitar desqualificações, para efeitos de variação do PIB vão ser usados os índices oficiais de 1995 a 2008 e a estimativa de mercado para 2009.

A Variação do PIB





O gráfico mostra como o país cresceu de maneira pífia no período FHC, com dois momentos claros de estagnação entre 1998 e 1999 e entre 2000 e 2002. Em oito anos de governo, seis deles tiveram crescimento abaixo dos 3% e a média aritmética da variação do PIB nos oito anos de governo FHC é de 2,29%, o que significa que ficamos quase uma década sem sair do lugar, sem crescer o suficiente para gerar emprego para tantos brasileiros que chegavam ao mercado de Trabalho. No governo Lula a trajetória de crescimento do país foi retomada, e com exceção do primeiro ano de governo, contaminado pela crise herdada do governo anterior, e o ano de 2009, que foi de uma das maiores crises financeiras da história, nos outros anos o país mostrou vigor de crescimento não visto desde a década de 70, durante o chamado “milagre brasileiro”. Em três dos 7 anos avaliados o país apresentou variação de PIB superior a 5% (não visto em nenhum momento do governo FHC), alcançou a média de 3,47% de acréscimo do PIB ao ano, em um aumento de 52% em relação ao período anterior, e essa média certamente vai ser aumentada esse ano, pois todas as previsões do PIB apontam para crescimento de ao menos 5%.

Fonte: http://gmpconsult.com.br/blogdolen/?p=315





FRUSTRAÇÃO ECONÔMICA NO GOVERNO FHC

Os planos econômicos dos dois mandatos de governo de FHC foram com base na macro economia, porém não se esperava que a economia mundial tivesse varias turbulências durante o seus mandatos e resultados negativos para economia brasileira. A política econômica do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) deu absoluta ênfase à consolidação do ambiente de estabilidade de preços. Durante todo o período, foi mantido um regime cambial semifixo, baseado na administração de estreitas bandas de flutuação. Permitiu-se uma desvalorização cambial a um ritmo relativamente estável, porém insuficiente para a redução do desequilíbrio do mercado em relação ao câmbio real de equilíbrio. No segundo mandato, a sucessão de choques externos desfavoráveis, em presença de desequilíbrios que foram acumulados no esforço de estabilização durante o primeiro mandato, terminou por comprometer o crescimento e reforçaram o processo de fadiga das reformas estruturais, especialmente a reforma tributária e o aperfeiçoamento do marco regulatório. Assim, o novo papel regulador do Estado foi implementado apenas parcialmente. Tais circunstâncias impediram uma elevação da taxa de investimento e uma retomada sólida da economia Finalmente, cabe notar que a política macroeconômica não é tudo. A atenção às reformas deveria estar contida em um projeto maior voltado para o desenvolvimento. As reformas em si deveriam considerar a necessidade de maior estímulo à inversão produtiva, além de incentivo ao aumento da produtividade total dos fatores. Mas, além das reformas, é essencial voltar a atenção para um projeto de desenvolvimento que inclua muitos aspectos de gestão da política econômica, como a necessidade de redução do risco regulatório no Brasil.

Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702003000200008

Quadro Comparativo: Lula x FHC

Vídeos - FHC e a Educação


Links de acesso:




Programa Brasil em Debate: Eleições de 2010 - Candidatos à Presidência da República: http://www.youtube.com/watch?v=uHZuspQfhy8





Vídeos - Lula e a Educação


Links de acesso:




Todos pela educação não é educação para todos: http://www.youtube.com/watch?v=AWdxHsjYdoE&feature=related




Globo Repórter Desafio da Educação: http://www.youtube.com/watch?v=QI0FPNdvKw8&feature=related



Lula: Estado foi incompetente na educação (Jornal O Globo): http://www.youtube.com/watch?v=t6kQ8yn-Mpw&feature=related